quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Poesia de Bruno de Menezes sobe ao palco

Teatro do Centur recebe, nesta quinta, apresentação especial do espetáculo “Bento Bruno”.

Tambores e metáforas se unem no palco para celebrar um dos maiores nomes das letras produzidas no Pará. O teatro Margarida Schivasappa, do Centur, recebe nesta quinta, dia 09, a partir das 19h, sessão especial do espetáculo “Bento Bruno”, de Carlos Correia Santos. Montado pelo grupo cênico da Casa da Linguagem, com direção de Ástrea de Lucena e Leonel Ferreira, a peça celebra a vida e a poesia de Bruno de Menezes, apontado como um dos introdutores do Modernismo na Amazônia. A encenação é toda pontuada pelo grupo de percussionistas da Fundação Curro Velho. Na trama, a trajetória biográfica e artística de Bruno é conduzida pelos quatro elementos: o fogo, a terra, a água e o ar.

Levar para o palco traços, aspectos e preciosidades sobre a vida e a obra de grandes nomes da nossa cultura significa contribuir para que a arte das cenas cumpra seu principal papel: o de fazer ver. Na origem do termo, teatro (teatrium) quer dizer “lugar de ver”. Assim, a Memória aplaude quando as cortinas se abrem para espetáculos que fazem platéias verem melhor a herança criativa de grandes artistas. Nos últimos anos, tem ganhado força em todo o mundo um nicho narrativo chamado Dramaturgia Histórico-Investigativa. Um gênero que se dedica a reinterpretar importantes biografias através do cinema, da televisão e do teatro. Exemplos notórios disso são trabalhos como o premiado filme “Piaf”, inspirado na trajetória da cantora francesa Edith Piaf, a minissérie global “JK”, sobre o Presidente Juscelino Kubistchek, e diversos espetáculos teatrais, como “Chanel”, montagem baseada na trajetória da célebre estilista Coco Chanel e protagonizada por Marília Pêra.

Investigação histórica – Desde 2003, o dramaturgo paraense Carlos Correia Santos tem apostado na Dramaturgia Histórico-Investigativa como ferramenta destinada a dar maior conhecimento e reconhecimento para nomes fundamentais do patrimônio cultural nortista. Dentro deste segmento, o autor criou premiados espetáculos, como “Nu Nery” (inspirado na vida e obra do poeta e pintor Ismael Nery), “Julio Irá Voar” (obra dedicada ao legado do inventor Julio Cezar Ribeiro de Souza) e “Theodoro” (montagem baseada na biografia do pintor Theodoro Braga), dentre outros.

O novo capítulo desta jornada se chama “Bento Bruno”. Especialmente escrito para o grupo cênico da Casa da Linguagem, o espetáculo mergulha no fantástico legado do poeta Bruno de Menezes. Apontado como um dos primeiros autores brasileiros a apostar na criação de uma poesia de raiz efetiva negra, tido como um dos introdutores do Modernismo na Amazônia, pioneiro na defesa de causas sociais e ideológicas como a doutrina do cooperativismo, Bruno parece ter nascido bento. Um artista ungido para quebrar barreiras e unir classes sociais.

De origem humilde, quase um autodidata, o escritor fundou grupos artísticos populares como a Academia dos Novos e a Academia do Peixe Frito (que se reunia em plena feira do Ver o Peso), mas também chegou ao posto de Presidente da Academia Paraense de Letras e foi consagrado como um dos maiores folcloristas do país. Em “Bento Bruno”, o que se vê em cena é uma tentativa poética de passear por todas as referências que alimentaram esse importante pensador. Sob as luzes do palco, uma grande celebração para tentar descobrir: o que benze um poeta? As águas da pureza de sua infância? O fogo da ousadia que surge em toda juventude? Os ares da modernidade que sopram no rumo do futuro? Ou as raízes que vêm de sua terra natal? Esperemos tocar a terceira campa para descobrir.

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