Em seu décimo sexto ano de existência, como diz o professor Miguel Santa Brigida “filho adolescente”, recebemos das mãos do pai, ele, a função de dar continuidade á este, uma das belas manifestações populares do povo paraense que é O Auto do Círio. Temos o prazer e satisfação de prosseguirmos nosso trajeto comungando com nossas brincadeiras, sonhos e fantasias, neste encontro cultural dos artistas e da população de Belém, não mais do pai, menos ainda nosso, mais da cidade e do povo paraense.
Em 2010, vamos falar de diversidade em muitas abrangências: étnica, cultural, religiosa. Apresentaremos manifestações populares culturais ou religiosas que ocorrem durante todo o ano nos bairros de Belém e no interior do Estado e expressam cada qual a sua fé. Procissões, festividades, cortejos e tambores que abrigam entre os seus participantes aqueles que se auto-intitulam NAZARENOS, os “fãs” de Nazinha, crentes no Círio e na Santa independente, e não necessariamente, na igreja católica.
Vamos levar às ruas o colorido das procissões populares, algumas organizadas à mercê das instituições oficiais católicas, como as que ocorrem nos bairros do Jurunas, da Condor e da Cidade Velha; as festas onde danças, o batuques e performances são também formas de orações.
O Auto do Círio é a homenagem dos artistas (atores, músicos, dançarinos, artesões, pintores, costureiros, etc.) à Senhora de Nazaré. Uma homenagem aberta ao público e a todos os que compreendem as múltiplas possibilidades da representação desta homenagem.
TODOS OS CAMINHOS LEVAM A TI, SENHORA é uma oficialização desta multiplicidade, tão inerente a um povo, cuja própria constituição étnica e cultural é diversa.
Após 15 anos de realização, movimentando a cidade em torno do espetáculo, acreditamos que representar, cantar, dançar, tocar e seguir o cortejo do Auto do Círio é uma inestimável manifestação de fé formada por NAZARENOS advindos de muitos lugares, de muitas festas e das mais diversas religiões, que caminham por ruas, por rios, por fé, com um foco maior e comum, agradecer,pedir,comungar,ri,chorar,e dizer:Mãe, senhora de Nazaré, eu estou aqui”.
O MENINO GRANDE - Para cuidar desse menino grande, que foi dado a sua guarda a mim, Beto Benone e a Claudia Palheta, como professores recém chegados à universidade, precisaríamos ter vários braços e pernas para alcançamos nosso objetivo maior, que é o espetáculo. Esses braços e essas pernas vieram em forma de colaboradores, professores, artistas, da própria escola de teatro, nossa casa, que trouxeram suas experiências artísticas para abrilhantar nossa festa.
A nós juntaram-se a profª Ana Flavia Mendes, que desde 2003 é responsável pelas coreografias do carimbó e da comissão de frente, a profª Inês Ribeiro e o Profº Paulo Santana, que ministraram oficina de Teatro de Rua junto a comunidade da cidade velha, o Profº Cláudio Dídima que colabora com sua arte visagista e acompanham desde os primeiros passos do Auto, assim como o , Profº Carlos Dergan e Profª Mayrla Andrade recém chegado a casa e a produtora Ana Leal.
A CENOGRAFIA - Em sua plasticidade, o Auto do Círio tem a colaboração do professor Bruce Macedo e a turma do primeiro ano de 2010 do curso Técnico em Cenografia; a primeira turma do curso de Figurino, dando uma acessória ao elenco na concepção de seus figurinos. De fora da ETDUPA, vêm pessoas que sempre estiveram em Autos do Círio como Guilherme Repilla, carnavalesco, figurinista e aderecista e Hudson Andrade, escritor e diretor teatral.
OS CONVIDADOS - Como convidados especiais temos: a atriz, diretora e professora Wlad Lima, a atriz Alessandra Nogueira, os Palhaços Trovadores, o Grupo de Teatro Verbos. Juntam-se a eles, nesta nova edição Daniel Bastos, produtor musical, as cantoras Mariza Black, Silvia Lobo, Iva Rothe, Tereza Cristina, Gigi Furtado e os cantores Artur Nogueira, Carlos Guithyerrez, Guilherme Fernandes e Samarone, além da participação da Bateria Show da escola de samba Rancho Não Posso Me Amofinar, Grupo Batuque, Ritmistas da escola de samba Xodó da Nega, é claro nosso padrinho Dominguinhos do Estácio.
MAIS EXTENSÃO - Além de envolver toda a cidade, alunos e professores da ETDUFPA, esta edição está realizando uma maior proximidade ao bairro da Cidade Velha, através da Associação dos Moradores da Cidade Velha e da escola de samba do bairro – a Deixa Falar, em cuja sede os professores Inês Ribeiro e Paulo Santana, ministrarão o oficina Teatro de Rua bem como, e eu e Guilherme Repilla ministraremos a oficina Confecção de Estandartes; oficinas voltadas especialmente para a comunidade do bairro.
NOTA: As oficinas para o elenco do O Auto do Círio 2010 encontram-se abertas ate o dia 19 de setembro, no período da tarde na sala de extensão da Escola de Teatro e Dança.
(Texto: Beto Benone e Cláudia Palheta)
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